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ARCHIVEbahai-library.com/marujo_novos_jardins_suspensos
AU1_1STAntonio
AU1_2NDMarujo
EDIT2
FRMT2
CITY_THISLisbon
DATE_THIS2001-05-23
COLLECTION1Newspaper
TITLE_THISOs Novos Jardins Suspensos do Monte Carmelo
SUBTITLE_THISBaha'ís inauguram espaço verde em Haifa
TITLE_PARENTJornal Publico
BLURBNewspaper article published in a Portugal, about the gardens in Mt. Carmel.
NOTESAntonio Marujo usually writes about religious issues. First posted at publico.pt.
CONTENTUm quilómetro de jardins como símbolo de esperança na paz no Médio Oriente e no mundo

O momento mais esperado deu-se ontem, ao pôr do sol, um quarto de hora antes de o primeiro-ministro de Israel falar sobre a violência que se tem registado na Terra Santa: mais a norte, em Haifa, perante cerca de quatro mil convidados, as novas escadarias, terraços e jardins que circundam o Santuário do Báb, no Monte Carmelo, iluminaram-se e desenharam os contornos dos jardins suspensos e do edifício mais importante da fé bahá'í. Na altura, foi lida uma pequena mensagem da Casa Universal da Justiça (CUJ), a instituição dirigente da comunidade bahá'í mundial.

"Tem um valor simbólico, não pela obra em si, mas por aquilo que ela significa de esperança, mesmo para a região do Médio Oriente em que se situa", diz ao PÚBLICO Mário Mota Marques, 59 anos, director da comunidade bahá'í de Portugal para os assuntos externos. "Haifa é uma cidade em que quase nunca houve conflitos nem mortes. Nela coexistem judeus, bahá'ís, cristãos, muçulmanos. Não digo que seja porque o nosso fundador, Bahá'ulláh, está lá sepultado. Mas queremos mostrar, com estes jardins, que acreditamos que a paz chegará, não só para a região, mas para todo o mundo."

O cenário assemelha-se a Lisboa, vista do alto do Parque Eduardo VII: um jardim que se estende por um quilómetro, antes de uma área urbanizada e do Mediterrâneo, ao fundo. Os jardins têm uma diferença de 250 metros de altura entre os seus pontos extremos. Para os baha'ís, a natureza é a personificação do criador: Os novos terraços do Santuário do Báb têm vegetação proveniente de diferentes pontos do globo e pretendem ser um presente à humanidade, como sinal do propósito baha'í de transformar os corações das pessoas e dos povos, para criar uma comunidade global diversificada e unida.

Os Baha'ís, cuja Fé assume parcelas das diferentes religiões, encaram também os jardins como um elemento importante para os diferentes credos ou filosofias. Desde o Éden da Bíblia judaico-cristã, arquétipo do paraíso e referência de todos os jardins, adornado com todos os animais, frutas, flores, plantas e árvores inimagináveis, onde a água corre sempre fresca e límpida; passando pelos jardins suspensos da Babilónia, uma das sete maravilhas do mundo antigo; ou pelos jardins de Versalhes, reflexo do rei Luís XIV; pelos jardins do Vaticano, construídos para deleite dos papas; ou pelos jardins japoneses, que pretendem imitar a natureza, valorizando a idade, a fragilidade, a simplicidade e o mistério; e vindo até aos mais prosaicos e actuais jardins de bairro, que permitem desfrutar de um espaço verde no meio da betão e do asfalto, os jardins são o melhor sítio, dizem os baha'ís citando Bernard Shaw, para encontrar Deus.

Entre os convidados que, ontem, usufruíram dos novos jardins do Monte Carmelo pela primeira vez, estavam 2600 membros da comunidade bahá'í (dos quais 29 portugueses), representantes do Governo israelita, diplomatas estrangeiros e chefes das várias religiões presentes em Israel. De manhã, a habitual rubrica "Bons dias Israel", que abre o noticiário televisivo das 7h00, tinha sido feita por Albert Lincoln, secretário-geral universal dos baha'ís, que, em hebraico, acrescentou um voto pela paz na região.

A música compôs o resto da cerimónia. Preparada de propósito para a ocasião, uma oratória do norueguês Lasse Thoresen e uma sinfonia do compositor Tolib Shahidi, do Tajiquistão, tentaram transmitir em sons o que deleitava os olhos das pessoas. "Terraços de luz", a oratória de Thoresen baseada na "Tábua do Carmelo", de Bahá'u'lláh, traduz os sofrimentos e as realizações do profeta fundador da fé bahá'í. "Oh! Rainha do Carmelo!" evoca o Santuário do Báb, com referências musicais que vão desde o Oriente Antigo até ao Irão e ao Tajiquistão.

Quarta-feira, 23 de Maio de 2001
Uma Montanha Sagrada


O Monte Carmelo, em Haifa, no Norte de Israel, é considerado sagrado por judeus, cristãos, muçulmanos e bahá'ís. Ali já foram encontrados esqueletos humanos com vários milhares de anos, Pitágoras terá permanecido nas suas colinas durante a sua viagem ao Egipto e, já com a ocupação judaica da região, o profeta Elias também ali esteve alojado. Há lendas que contam que a família de Jesus também ali teria passado e muitos cruzados cristãos peregrinaram até à montanha. Nesse tempo, muitos eremitas cristãos para ali foram, procurando uma outra forma de viver a sua fé - e daí viria a fundação da Ordem do Carmo, ou carmelitas. Depois, foi a vez dos drusos, que vieram do Líbano no século XVI, ali se estabelecerem. Em 1891, Bahá'u'lláh levantou no Carmelo a sua tenda, tornando o Monte um lugar sagrado para os bahá'ís de todo o mundo.

QUEM SÃO E O QUE QUEREM OS BAHÁ'ÍS?

Como apareceu esta religião?


Em 1844, um jovem persa, conhecido por Báb (que significa "a porta"), anunciou que era o percursor de uma figura espiritual. Báb foi considerado herético e martirizado em 1850, mas Bahá'u'lláh (em português, "a glória de Deus"), seguiu a sua causa e, em 1853, teve a indicação de que era ele o prometido anunciado. Foi igualmente perseguido pelo clero islâmico da Pérsia, o que o obrigou ao exílio. Acabou por morrer em 1892, depois de ter escrito o que os seus seguidores consideram escrituras inspiradas, tendo sido sepultado em Haifa.

Quais são os seus princípios básicos?

Os baha'ís acreditam que todas as religiões têm uma origem divina. Defendem a unidade do género humano, a paz universal, a harmonia entre a ciência e a religião, bem como a igualdade de direitos entre o homem e a mulher. Pensam que é possível buscar a verdade de uma forma independente e pugnam pela eliminação dos preconceitos e pela educação obrigatória universal.

Quantos são os baha'ís?

Actualmente, há mais de cinco milhões de baha'ís presentes em 235 países e territórios de todo o mundo, abarcando crentes de 2100 grupos étnicos diferentes. A sua literatura foi traduzida já em 740 idiomas. Em Israel, por vontade do fundador, e no Vaticano, não há comunidade bahá'í local - em Israel, um judeu que se queira juntar à comunidade bahá'í tem que o fazer noutro país, renunciando a viver no estado judaico. Em Portugal, a comunidade baha'í conta com comunidades em mais de 150 localidades do continente e das regiões autónomas.

Como foram construídos os jardins?

Os baha'ís contribuem, uma vez na vida, com 19 por cento da totalidade dos seus bens para a comunidade. A obra ontem inaugurada foi financiada desse modo, sem apoios governamentais. Os crentes também ajudaram a construir os jardins, pois a peregrinação a Haifa, por períodos de dois anos e meio, faz parte das suas obrigações. Os serviços e instalações da comunidade são, desse modo, mantidos pelo trabalho dos baha'ís de todo o mundo.
POSTED2005-01-28 by Marco Oliveira
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